Esses tempos, me peguei pensando sobre a vida – para variar. É que passei por uma situação curiosa, mas nem tão inédita assim, que automaticamente fez minha cabeça ir longe. Senta que lá vem história!
Uma pessoa nova surgiu no meu caminho. Ela parecia extremamente segura de si – tão segura que sempre dava um jeito de colocar o foco da conversa em seus gostos, seus feitos, sua personalidade. Ela chegou a me dizer que era o que era e não mudaria uma vírgula. Quem não gostasse que fosse embora.
Fiquei tão curiosa e intrigada que não medi esforços para entender aquele universo tão particular que ela me apresentou. Seria realmente possível viver assim, se bastando? Daria para ser feliz numa caminhada apenas voltada para si? Esse entendimento pleno do eu poderia chegar tão cedo?
Aos poucos, fui percebendo que o que parecia ser inteiro era, na verdade, 1% da história. Toda aquela segurança encobria questões mais profundas, pedaços perdidos que ela não tinha coragem de desenterrar. A vida era mais confortável sem mexer naquilo tudo. Vi, nitidamente, alguém que pensa que se conhece, mas até a página dois – o que dói é deixado para lá.
Não posso julgar. A gente manifesta nossas feridas de tantos jeitos. Esse é só um deles. Mas olhar de fora me fez refletir sobre como o mundo valoriza que sejamos pessoas seguras, bem-resolvidas, autoconfiantes – quando, na realidade, estamos só tentando nos esconder por detrás de uma máscara. Não queremos mexer com nada daquilo, é mais fácil ignorar.
Estar em contato com as dores, as perdas e as derrotas da vida é parte fundamental do nosso processo de aprendizado. A gente precisa ouvir e conviver com o que nosso interior nos oferece, de bom e de ruim. É sobre deixar a luz entrar, é sobre aceitar que somos falíveis – e, que bom, porque é isso que nos faz humanos. É assim que crescemos, nos entendemos e melhoramos.
Para mim, as pessoas que chegaram perto do seu entendimento pessoal são aquelas que não falam disso o tempo todo. Pelo contrário: são as que mais escutam, porque sabem que, a cada nova experiência, aprendem um pouquinho mais sobre si. Elas identificam no outro seus próprios padrões, suas amarras internas, seus maiores medos. E com isso se encaminham à liberdade completa de serem quem são, sem precisarem provar nada a ninguém – muito menos a si próprias.
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17 comentários
Acho que um dos maiores desejos que tenho na via é ser autoconfiante… admiro quem é, quem consegue se expressar, quem chega chegando. Nunca nem consegui fazer terapia por ter tanta dificuldade em me abrir… Conheço muita gente mas tenho pouquíssimos amigos verdadeiros que são com quem mais me abro, por assim dizer, e o que é mais estranho é que muitas pessoas vem até mim e se abrem ou simplesmente pedem conselho. Já ajudei tanta gente que até perdi as contas, mas é aquela velha história, eu mesma não consigo me ajudar e o sonho da tal autoconfiança mais uma vez vai por água abaixo…
Ane, você deve ser uma pessoa maravilhosa! Pense, se tanta gente te procura para ouvir teus conselhos… Autoconfiança vem de você fazer enfrentamentos internos necessários, e por vezes dolorosos. É um passinho de cada vez, mas sempre em busca do melhor. Já pensou se fosse ao contrário, como exemplifiquei aqui no post? Se você fosse um poço de falta de confiança, mas colocasse a máscara de que se ama e se basta? Doeria também. São dois lados da mesma moeda e o importante é aquilo que vem de dentro, a lapidação constante do eu! Todo mundo tem seu brilho e você com certeza é dona de um muito lindo. Joga ele pro mundo, garota! <3
Estou amando seus textos de reflexão Thais! Esse em especial 🙂
Realmente é difícil agitar as águas, quando o que tá submerso pode emergir e nos ferir. Mas, aprendi que a dor precisa ser assimilada para que saibamos lidar com ela. Não adianta somente ignorá-la ou fingir que não existe.
Imagina que chato se a gente afirmasse as características e não mudasse e tdo mundo tivesse que nos aceitar assim… ia querer dizer que não evoluímos nem ganhamos nada com as experiências da vida… Nossa, em um ano eu mudo tanto (de opinião, atitudes, jeito, etc) e acho isso maravilhoso. Claro que não rola de ficar mudando pra agradar os outros e se desagradar, mas aprender com a vida aceitando que a gente não sabe tudo e vai sempre evoluir, acho ótimo
http://www.issoaquiloetal.wordpress.com
Meu Deus, ADOREI a reflexao!!! Thais, foi genial, e verdade mesmo o que voce diz… euate li para amigos … voce e DEMAIS! ADORO SEUS POSTS!!!
Elena, minha uruguaia preferida! <3
Thais me identifiquei com seu texto, não sou tão narcisista como o caso que você descreve, mas sim fingo uma confiança que não tenho e as vezes sozinha me despedaço, mas essa foi minha unica opção , uma breve historia meus pais foram casados por 30 anos e um belo dia meu pai disse que ia embora,descobrimos que ele tinha outra família a mais de 15 anos, o mundo da minha mãe desabou depressão angustia, minha unica opção foi vestir um armadura e dizer eu resolvo, afinal somos só nós duas, mas as vezes eu queria gritar alguém me ajude por favor!
Puxa, Alessandra, senti muito lendo a sua história. Mas, veja, o que você está fazendo não é porque não consegue resolver seus próprios problemas, é porque precisa se fazer forte para lidar com uma situação maior e que envolve mais pessoas (sendo uma delas muito fragilizada, a sua mãe, no caso). A verdade é que temos um instinto de proteção a quem amamos e ele se manifesta nesse tipo de situação. Por mais dolorido que seja para todos, você precisa permitir-se e permitir que o outro sofra. Tapar o sol com a peneira pode ser um bálsamo imediato, mas as feridas não cicatrizam. Busque o equilíbrio, querida. Desejo a você e sua mãe uma linda jornada daqui para a frente! <3
Oi Thais! Novamente eu aqui pra falar do filme A Grande Beleza, do Paolo Sorrentino (uma das poucas vezes que comentei aqui no blog foi falando desse filme num post seu, assim que você tinha voltado daquele curso que você tinha feito sobre cinema, se não me engano), que novamente super se encaixa no seu post. Tem uma parte desse filme na qual o Jep Gambardella fala para uma das convidadas que está na casa dele, em resumo, que é para que ela deixe de dizer o quanto ela é boa e perfeita e aceite que somos todos uns pobre coitados sofrendo todas as amarguras desse mundão. Um bom tapa na cara para aqueles que “se bastam”. Quanta ingenuidade, né?
Obs.: ainda acho que devíamos nos encontrar para falar da vida em algum barzinho aqui em Curitiba, a gente super vai se entender hahahaha beijos!
Sarah, sua linda, ainda me lembro de você! Esse filme é mesmo excelente e repleto de ensinamentos. <3
Apareça mais vezes! E super topo o barzinho, hahaha! :*
Vi um filósofo falando…Corra de gente que esta sempre feliz e positiva!
Concordo plenamente!
E já filosofei muito assim sobre um ex, hoje aprece que descontruí tudo que imaginava dele na época que só enxergava o raso da sua autoconfiança extrema!
Adoro esses textos Thais, esse em especial!
só nos mostra a riqueza de conteúdo que temos aqui!
Lindas! OBRIGADA <3
Belíssimo texto (:
Foi confortante ler esse texto . Sempre desconfio dos que se bastam dos super confiantes. Como diz um amigo bêbado qd vê um sujeito assim : ” humm esse aí tem inquietação anal ” kkkkkkkk ou seja , ali tem muita história de baixo do tapete
Gosto muito de seus textos… Parabéns.