Quando era criança, achava que dormir não passava de um desperdício de tempo. Na verdade, vejo que era um jeito de encobrir meu medo de ir deitar e me deparar com um ET saindo pela porta do banheiro (obrigada, Fantástico do anos 90, hahahaha!). Aí veio a vida adulta e esse se tornou um dos meus esportes favoritos – o que não significa que, vez ou outra, não me traz dificuldades.
A real é que a gente vive com milhões de coisas na cabeça e os hábitos de hoje em dia são pouco saudáveis. Trabalhamos muito mais horas do deveríamos, cuidamos da casa, ficamos com a tevê ou o celular na cara o tempo todo… Enfim. Quem nunca ficou fritando na cama, com o corpo pedindo descanso e o cérebro ligadíssimo, que atire o primeiro travesseiro!
É impossível dissociar o que acontece durante o dia com o que rola embaixo dos lençóis (tô falando de sono, mas essa dinâmica serve pra outras coisas também, risos). Mais de 5 anos atrás, quando fui morar sozinha e já estava totalmente dedicada ao CDD, meus horários eram uma loucura! Com a liberdade do home office, ia deitar tipo 3h e acordava belíssima só às 11h.
Naquela época, o esquema parecia funcionar pra mim – produzia melhor à tarde e à noite. Mas aí também perdia algo que hoje considero fundamental: mais horas de sol, de luz, de vida! Demorou um tempo até começar a me sentir indisposta por manter esse esquema. Aí passei a tentar acordar mais cedo, o que automaticamente me levava a ficar com sono num horário mais normal.
Os anos passaram e agora, em 2020, especialmente com a quarentena, comecei a perceber que a sensação de um dia bom, desses que rendem bem, acontecia quando acordava às 7h por razões específicas, já que esse não costumava ser meu horário normal. Decidi então implementar a rotina – ao menos durante a semana – de estar na cama até 23h, no máximo, pra dormir 8h.
Qualidade de sono: cronotipo
É claro que cada pessoa tem seu ritmo e o que funciona para uma não necessariamente é o melhor para outra. Inclusive, tenho a indicação de uma boa forma de você entender como é o seu. Alguns médicos e cientistas chamam isso de cronotipo. Na internet, tem vários testes pra descobrir por meio dos seus hábitos e comportamentos!
Eu fiz um baseado no livro “O Poder do Quando”, fruto da pesquisa de um médico chamado Dr. Michael Breus. Ele divide os cronotipos das pessoas por animais e meu resultado deu urso – ou seja, sou do time que prefere viver o dia e ter uma rotina equilibrada entre trabalho, lazer e descanso. No vídeo abaixo, tem uma explicação melhor sobre o assunto:
A nova rotina tem sido boa para mim, mas não acontece sempre de um jeito perfeito! Ainda mais porque esse momento que estamos vivendo não é fácil e, em algumas situações, a ansiedade bate – por mais que deite na hora certa, não consigo desligar. Eventualmente (e com muita parcimônia!), tomo um indutor de sono receitado pelo psiquiatra, mas evito ao máximo!
O que comecei a trabalhar, então, foi no que se chama de higiene do sono. Quando dá umas 22h, já vou largando o celular, baixo as luzes da casa, tomo um banho quentinho, faço meu skincare, coloco meu pijama e aí, cama! Também gosto de meditar, orar, ler coisas edificantes ou fazer exercícios de respiração. Isso me ajuda bastante!
Monitoramento do sono: Sleep Cycle
Ainda assim, nem sempre as coisas saem como eu gostaria. E é muito louco porque, nesses deslizes (especialmente em épocas de muito trabalho, problemas ou mesmo nos fins de semana), eu consigo ver efetivamente o impacto das noites mal dormidas no meu bem estar! Comecei há uns 20 dias a monitorar meu sono com um aplicativo, então está tudo mais evidente ainda!
O app se chama Sleep Cycle e está disponível na App Store e no Google Play. Ele não requer smartwatch pra funcionar, basta deixar o celular perto da cama com o microfone ligado. Na versão Premium, o negócio grava até o ronco! hahahaha Aí dá pra ver quantas horas você ficou na cama, quantas dormiu, a porcentagem de qualidade do sono e a de regularidade, entre outras coisas.
Tô achando fascinante acompanhar minha qualidade de sono, sério! Primeiro porque, embora não sejam totalmente perfeitas, as estatísticas batem com a minha sensação ao acordar. Tem noites em que eu faço tudo certo, durmo rápido, mas a flutuação alta entre sono leve e profundo não me permite descansar direito. E aí entram fatores de agitação que eu sei que estão acontecendo apesar dos meus esforços.
Acho que existem muitos jeitos de melhorar a qualidade do sono e a gente tem sim as ferramentas para isso, mas há coisas também que fogem um pouco do nosso controle. O jeito é ir tentando do jeito que podemos mesmo, né? Eu mesma não cheguei numa fórmula ideal porque curto viver as noites de sexta e sábado, por exemplo, embora isso não seja o melhor pro meu ritmo normal.
Na minha opinião, se conhecer é o primeiro passo – e eu tô feliz por estar buscando, mesmo que com meus tropeços, essa forma de autocuidado! Agora me conta: como andam as suas noites?
6 comentários
Oi, Thais. Não vou contar toda a saga, mas infelizmente passei por algo que mudou minha vida e minha relação com o sono. Minha mãe foi diagnosticada com bipolaridade e nossa vida virou um inferno em 2011. Até acharem um tratamento adequado ninguém dormiu por uns quinze dias seguidos. Bom, de lá para cá e devido a esse catalisador fui diagnosticada com ansiedade em 2016 e vivi em negação durante uns três anos. Não dormia, na verdade meu cérebro não desligava de jeito nenhum. Engordei, tive dois ataques de pânico até que apareceu a pressão alta e dores de cabeça terriveis. Tentei de tudo para dormir e ter qualidade de sono:
de suco de maracujá a não comer doce de noite, ouvir músicas calmantes, não olhar celular antes de dormir… Exercícios pra aliviar a tensão, Foi muito difícil. Até que me rendi e procurei ajuda, estou em tratamento desde novembro de 2019, estou tomando remédio para controlar a ansiedade e ele melhora o sono. E tenho percebido que com toda essa situação de pandemia se não fosse a ajuda que procurei eu teria surtado. Não estou dizendo que todo mundo tem que tomar remédio controlado para melhorar sua relação com o sono, mas infelizmente aconteceu comigo. Se vou me libertar do remédio? Não sei, mas sei que o tratamento salvou minha vida. A vocês que não necessitam desse artifício: força, pq a coisa não é fácil! Obrigada pelo espaço e agradeço a paciência
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Eu também uso esse app e é muito engraçado ver o gráfico dos outros! Eu durmo em 7/9 minutos todo dia, minha curva inicial despenca muito rápido, às vezes penso se não entrei em coma na madrugada hahahaha mas também acordo várias vezes por noite, então a qualidade acaba não sendo tão boa.
hahahaha Caramba! Eu demoro pelo menos meia hora pra pegar no sono, mas depende do dia. E acordo muito pouco de madrugada, embora tenha acontecido mais agora na pandemia!
Será que o App funciona se a gente dorme acompanhada?
Sim, me parece que na versão premium você consegue fazer uma análise de cada pessoa da cama ao conectar os celulares de ambos no aplicativo – algo assim, não lembro direito! hahahaha