Inevitável não ficar monotemática na semana que antecede meu aniversário. Não que considere a data grandiosa – é que, como acontece com tanta gente, mudar de idade sempre me deixa pensativa. Aquela coisa bem clichê de olhar para trás, observar onde estou e quais são os próximos passos. Geralmente a reflexão se intensifica pouco antes de eu finalmente assoprar as velinhas.
Daqui a alguns dias, serei uma mulher de 33 anos. Uau. Falando assim, até parece que haverá alguma transformação radical e instantânea na minha vida. E a gente sabe que não é bem assim. Quer dizer, hoje a gente sabe. Não sei se era desse jeito pra você também, mas umas duas décadas atrás eu acreditava de verdade que os aniversários eram capazes de mudar tudo. Aquela ansiedade juvenil de crescer, porque crescer significava poder fazer muito mais coisas e isso parecia sensacional.
Acontece que chega uma hora em que crescer deixa de ser tão divertido. A gente pode dirigir, mas fica horas presa no trânsito; dá para ir morar sozinha, só que é preciso dar conta dos boletos; tudo bem encher a cara, desde que esteja preparada pra ter ressaca no dia seguinte… A gente passa a enxergar as coisas exatamente como elas são – e sempre foram, embora só o lado bom ficasse em evidência antes.
Não faz muito tempo que fiquei profundamente incomodada com essa falta de magia. Em toda oportunidade que tinha, dizia aos mais novos: “não queira tanto crescer, ser adulto é um saco”. Talvez tamanha indignação tenha sido o primeiro sinal de cansaço de uma parte da vida que vai levar anos para passar. Mais precisamente, pelo menos umas quatro décadas.
Quando me dei conta disso, achei que era melhor deixar de reclamar. Aliás, fiz melhor: comecei a procurar novos lados bons na vida adulta. E percebi que um deles é justamente crescer. Que mania a gente tem de pensar que parou com esse movimento aos completar 18 anos, ao se formar na faculdade ou ao sair de casa pro mundo, né?
A gente não percebe, mas está crescendo todos os dias em uma infinidade de aspectos. É tão de pouquinho que até passa batido mesmo. Talvez seja mais fácil notar quando a troca de idade acontece, porque além de lembrar da passagem do tempo, ela sempre convida a uma retrospectiva interior. Aí fica simples enxergar que, embora você frequentemente se sinta a mesma, já mudou muito além do que podia imaginar.
Provavelmente ainda vou ter vários cansaços da vida adulta. Também pode ser que tenha alguma crise pré-aniversário futura. No entanto, vai ser impossível desaprender o que me levou até lá. Tenho certeza de que estarei bem crescida para me lembrar desse detalhe.
1 Comentário
Pois é, Thaís, tudo tem um preço. A gente faz escolhas de acordo com o peso que o preço daquela escolha pode trazer pra gente.