Costumo pensar secretamente que existem algumas pessoas que gostam mesmo é de se chafurdar na tristeza. Eu mesma já caí nessa. Hoje, nem mergulho, só molho o dedão do pé. Afinal, estranho seria se tratasse aquela dor que me vem circunstancial e naturalmente como uma intrusa dentro do peito.
Tem aquele ditado budista que diz que “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”. Uma dorzinha aqui e ali, de vez em quando, me lembram de que não é toda vez que preciso ser forte. Sou humana tanto quanto você e todo mundo. Mas pegar carona na viagem em looping do sofrimento não, obrigada.
Um dia notei que, a cada tropeço, estava levantando mais rápido – e mais forte – do que antes. Porém, isso já foi tema de outros textos. Então vamos retornar à questão inicial: coisas chatas acontecem. E, muitas vezes, elas não tem a ver com nada que a gente tenha feito.
Nessa aleatoriedade da vida, acontecimentos ruins nos pegam de surpresa frequentemente. Ou vêm em sequência, como no tal do inferno astral que muitos temem antes do aniversário. A verdade, contudo, é que o segredo para passar por cima dessas situações é não dar a ênfase que elas acham que merecem.
E, por não dar ênfase, não entenda ignorar. Até porque entrar em negação somatiza os efeitos – e uma hora você implode (ou explode mesmo). Lamentar de maneira breve uma má sorte é uma coisa; sentir-se a pessoa mais azarada do mundo é outra bem diferente.
Você sabe que eu sou bem o tipo de pessoa que acredita naquele lance de vibração energética, né? E, se você também acredita, já matou a charada: negatividade atrai negatividade e é isso daí. Mas vamos dar uma explicação para quem acha tudo isso uma baboseira, vai.
Toda vez que uma coisa ruim acontece, cabe somente a você o que será feito disso. Se for chafurdar na tristeza, como comecei o texto falando, pode estar certa de que todo o mais que acontecer de bom vai ser solenemente ignorado. A boa notícia é que essa cegueira é reversível.
Quanto mais rápido sair dela, minha amiga, melhor. Para isso, coloque a dor em seu devido lugar, porque quem manda nessa p***a toda é você, oras. Nada de ficar flertando com ela. Nada de repetir o caso até mandíbula cansar. Nada de enfatizar algo que você não foi capaz de evitar.
Com perdão ao ditado, reescrevo: “tropeçar é inevitável, seguir o baile é opcional”. Bom domingo. <3
Se curtiu o texto, compartilhe com quem gosta! Vai que aquela pessoa que está precisando começa a emergir de onde está? <3
Foto: Shutterstock
7 comentários
Me desculpem as otimistas, mas é fácil falar isso enquanto se acredita em alguma coisa… Infelizmente, é difícil não dar tanta ênfase quando acontece tanta coisa ruim, o tempo todo, durante anos da sua vida, que você simplesmente desiste de acreditar em qualquer coisa.
Eu admiro quem ainda tem força e estômago pra acreditar, ter filhos, seguir em frente. Queria ter metade dessa magia que tu ainda tens na alma, mas aprendi que são os calos que nos permitem andar sobre pedregulhos e que às vezes o melhor é simplesmente não tentar tratá-los; caso contrário, seus pés serão macios de novo e novos cortes virão.
Só um ponto de vista de alguém que até tenta, mas não consegue ser como tu e que te admira por esse desprendimento. Por favor, não me interpretem mal, mas acho que tem bastante gente que vai se identificar comigo. Não podemos esquecer tudo na vida, porque a dor é amiga, às vezes, e mostra que alguma coisa não vai bem (logo não deve ser ignorada).
Um grande abraço e parabéns pelo trabalho de vocês (que foi me alegrou por muitas vezes, quando ninguém mais o fez).
Bom dia! Querida Raquel… comungo do mesmo sentimento que vc…
Por mais que tentamos ser otimistas e enxergar um lado bom, mesmo nas tristezas… nem sempre é possível.
Existem situações na vida que nos remetem a pensar que não nascemos para ser felizes…
Perdi meu pai há 10 anos e minha mãe recentemente… os dias se arrastam… é um vazio que nada (absolutamente nada preenche), uma dor no coração, misturada com tristeza e saudade que não consigo mensurar o que dói mais (Saudade dói e como dói!)…
Enfim… sigo levando a vida… vivendo um dia de cada vez…
Tento, juro que tento ser otimista! Mas não é fácil!
Suplico a Deus todos os dias para que me dê forças!
Agradeço as divas (em especial Thaís) pelo textos de reflexão… sempre leio em busca de motivações para continuar nessa jornada…
Que a vida nos traga dias melhores!
Obrigada!
Bj carinhoso a todas!
Texto reconfortante pra essa segunda? muito bom
[…] – Reflexão: não enfatize o que acontece de ruim com você […]
Obrigada! Mudou minha vibe, estava triste por situações que, realmente, não posso mudar. Como dito, colocar a dor no devido lugar e não ficar trazendo à tona a cada oportunidade nos faz enxergar quanta coisa boa nos acontece também. <3
Olá Thaís,
Adoro seus textos e não foi diferente com este. Amei! Recentemente, fiz um curso de meditação (maravilhoso, por sinal) e passei dias ouvindo justamente isso: a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. E como isso é verdade (e como é complexo o processo que nos leva a compreender isso…). Inclusive, já foi comprovado cientificamente que nós temos uma tendência maior de alimentar sentimentos negativos, como angústia e sofrimento, do que sentimentos que nos tragam paz e felicidade. Precisamos aprender e nos condicionar a fazer o contrário: alimentar estar bem, mesmo em meio à dor e aos problemas. Outra máxima do curso de meditação: é simples, mas de fácil não tem nada… Recondicionar a mente é que nem fazer exercícios físicos, requer treino, paciência e persistência para se ter resultados. É a mesma coisa com nossos pensamentos. A mente tem de ser treinada a seguir por caminhos mais saudáveis e melhores para nós.
Adorei o post!
Não podemos medir a dor do outro, não doe em mim, como doe em vc, não consigo achar a dor uma coisa assim tão banal, e fácil, de superar ou resolver, quando se diz que é opcional, acredito que ninguém gosta de sofrer?????