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Endometriose: minha experiência e informações sobre a doença

23/03/2018

Eu tive Endometriose e até gostaria de já ter falado sobre isso por aqui, mas como faz mais de 15 anos que isso aconteceu, ficava com medo de dar alguma informação errada por aqui.

Mas esses dias recebi um material bem completo sobre o assunto, então com isso posso te falar um pouco sobre minha experiência e usar os dados que recebi da assessoria de imprensa do Dr. Fernando Guastella, médico ginecologista e obstetra, com especialização em exames por imagem para endometriose.

No vídeo abaixo tem tudo bem explicadinho, clique no play para ver! Nem preciso alertar que falarei sobre menstruação, exames ginecológicos e tudo mais, não é? Então se você é sensível a esse assunto, já fica avisada.

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Endometriose: minha experiência e informações sobre a doença

Eu lembro que quando tinha uns 15 anos, comecei a ter muitas cólicas durante a menstruação, mas toda vez que ia na médica, ela me dizia que a dor era normal e me dava algum analgésico. Lembro que as dores eram fortes e que tudo que eu queria era poder ficar deitada com uma bolsa de água quente. Nessa época eu trabalhava em grande parte do tempo em pé, e lembro que era sofrido. E veja bem, eu não tinha uma dorzinha incomoda, tinha cólica de verdade, daquelas que a gente não quer nem se mexer pra não piorar. O fluxo também era muito intenso e ficava na média 7 dias menstruada. Mas todos os meus exames ginecológicos anuais estavam sempre normais.

Ao longo do tempo os analgésicos não surtiam mais efeito e tive que ir tomando sempre um mais forte que o outro. Até que, quando eu tinha uns 25 anos, numa das ecografias de rotina apareceu um mioma no meu útero e precisei operar. Nesse pré operatório precisei fazer vários exames, entre eles um que é colocada uma câmera por dentro para poder ver tudo bem certinho e planejar a operação. Foi apenas com esse exame que descobrimos que além do mioma, eu também tinha endometriose. A doença não apareceu em nenhuma ecografia que eu havia feito em todo esse tempo.

A definição de Endometriose é: o desprendimento do tecido que reveste o útero, que pode grudar em outros órgãos causando desconforto e dores fortes, especialmente durante o período menstrual.

Veja bem, eu sentia muita dor, tinha um fluxo menstrual SUPER intenso e nunca nenhum médico havia cogitado a possibilidade de eu ter endometriose. Eu não lembro muito bem de tudo porque já passou muito tempo, mas o mioma foi retirado e os pontos de endometriose foram cauterizados. Desde então, nunca mais tive cólica e minha menstruação agora é de 3 dias com fluxo pequeno, bem de boinha. Eu não sei muito bem se minhas dores intensas eram do mioma ou da endometriose, mas fico triste de nunca ter tido informação o suficiente para ter insistido com os médicos para investigar a endometriose antes. Veja só, passei mais de 10 anos sentindo uma baita dorzona todo mês, estava sempre no limite da anemia, para no final das contas saber que tudo isso poderia ter sido resolvido antes.

Endometriose: minha experiência e informações sobre a doença

Foto: Shutterstock

Informações sobre a endometriose

Agora vamos aos dados, segundo a Organização Mundial de Saúde mais ou menos 7 milhões de brasileiras possuem endometriose, que é um problema biológico individual e tem relação genética.

O ponto aqui é que, em estágio inicial é difícil detectar a endometriose, tanto a ultrassonografia transvaginal quanto a ressonância magnética não conseguem detectar a doença na fase superficial, pois a lesão não invade de maneira significativa o peritônio, dificultando bastante o diagnóstico.

De acordo com o Dr. Guastella, o ideal é prevenir para que a doença não atinja estágios mais avançados. Sendo assim, os exames periódicos são fundamentais. Tão importante quanto o acompanhamento é contar com um profissional capacitado para identificação da doença. Por exemplo, em estágio inicial é difícil detectar a endometriose, mas há sintomas que justificam um estudo mais aprofundado seja feito.

Preste atenção nos sintomas

Segundo o médico, o sintoma mais frequentemente é a dor pélvica, tipo cólica. Geralmente essa dor é no período menstrual e vai aumentando gradativamente com a evolução da doença.

Veja alguns sinais de alerta listados por ele:

  • Nunca teve cólica e passou a ter
  • Sempre teve cólica, mas as dores pioraram muito
  • Sente dor durante a relação sexual
  • Diarreia e dor para evacuar no período menstrual
  • Dor ao urinar no período menstrual
  • Independentemente dos sintomas de dor, se apresentar dificuldades para engravidar

Diagnóstico

Quando o diagnóstico é precoce existe o tratamento com remédios para agir diretamente na dor e o cirúrgico que é para retirar o foco da doença – que tem chances de aparecer novamente.

Se você identificar algum destes sinais, é importante dividir com seu ginecologista para que haja um estudo mais detalhado dos motivos dos sintomas. Como muitos sintomas podem facilmente ser confundidos com os incômodos do período menstrual, uma conversa franca com seu médico é fundamental para o tratamento.

Mitos X Verdade

A mulher com endometriose não pode engravidar
Mito. A mulher com endometriose pode engravidar sim. O Dr. Fernando Guastella diz que algumas mulheres com endometriose apresentam maior probabilidade de ter dificuldades para engravidar. Existem muitas mulheres com endometriose que não apresentam infertilidade. Quanto mais grave for a doença, maior será a probabilidade da dificuldade em engravidar.

Caso a paciente não consiga engravidar espontaneamente, poderá ser realizada fertilização em vitro ou cirurgia.

A endometriose pode ser confundida com cólica
Verdade. Um dos sinais da endometriose é uma dor que pode ser confundida com cólica menstrual. Se você nunca teve cólica e passou a ter ou, se já tem, mas elas se intensificaram, é indicado procurar um ginecologista. Não é apenas a cólica que indica a doença, mas essas dores podem ser sinal.

Endometriose tem tratamento
Verdade. Há o tratamento medicamentoso para solucionar a dor e o cirúrgico que irá retirar a endometriose, que poderá estar em órgãos como o colo uterino, intestino, bexiga e vagina, por exemplo.

Um ginecologista especializado é o mais recomendado
Verdade. É importante buscar por ginecologistas especializados para que o diagnóstico seja realizado com mais rapidez e precisão. Para os profissionais que tiverem interesse em aprimorar os conhecimentos, o Centro de Ensino Cetrus oferece cursos de ultrassonografia para endometriose com aulas práticas e teóricas.

Com essa história toda eu te digo, se você sente muita dor durante sua menstruação, insista com o médico para investigar se você não tem endometriose, talvez até com exames mais modernos e detalhados. Hoje estou ótima, mas fico triste por ter passado por tanta dor durante tanto tempo. Sempre lembrando, consulte o ginecologista regularmente!

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19 comentários

  • responder ZILANDRA BATISTA RODRIGUES 23/03/2018 às 15:15

    Sa tenho uma amiga que tem, e sofre tadinha
    muito bom abordar estes assuntos
    beijos LINDA

  • responder Beatriz 23/03/2018 às 16:26

    Desde minha primeira menstruação (com 13 anos) passo muito mal, tendo febres, cólicas de desmaiar, perder controle total do corpo. Aos 17 fazendo uma ultrassonografia de rotina um anjo suspeitou que eu tivesse endometriose, que foi confirmada com uma ressonância.

    Hoje, mais de 10 anos depois do diagnóstico posso dizer que auta foi grande e agora é mais fácil encontrar médicos especializados (passei uns 5 anos pulando de médico em médico). Hoje não tenho cólica, meu fluxo é pouco e curto e de acordo com meu ginecologista: o dia que quiser devo ter uns 40% de chance de engravidar sem dificuldade.

    Sei que a dor é grande e muita gente acha que cólica é frescura. Por isso é super válido procurar no Facebook grupos de apoio! Me ajudaram a ver até que existe muita gente que sofre muito mais do que eu sofri com isso.

  • responder Marianna 23/03/2018 às 16:52

    No ano passado eu fui diagnosticada com endometriose. Eu não tinha cólica (uso um DIU de cobre e não precisava tomar nem um buscopan durante a menstruação), e do nada, passei a precisar ir para o Pronto Socorro todos os meses tomar medicação venosa porque nada ajudava na minha dor. Eu vou à ginecologista duas vezes por ano e, ainda assim, a minha endometriose só foi descoberta em um estágio muito avançado. Dai, foi toda uma saga e cheia de momentos ruins. Cheguei a ouvir de um médico que eu estava dificultando muito a vida dele pois tenho 31 anos e nenhum filho, complicava demais a vida dele assim (aham, a dele… eu que sentia dor todos os meses…) até que descobri dois médicos MARAVILHOSOS, e estou acompanhando com eles. Também comecei a fazer tratamentos alternativos (acupuntura e homeopatia) e não sinto mais dor! Ainda não fiz a cirurgia pois tenho umas provas importantes agora e meu médico achou que não preciso ter pressa. Também não uso nenhuma medicação hormonal (tenho histórico familiar de AVC e trombose). Com a aprovação e acompanhamento dos meus médicos eu só uso a medicação homeopática e faço sessões semanais de acupuntura. Vou precisar de fazer a cirurgia, mas agora sem pressa!!!!

  • responder Leika Madureira 24/03/2018 às 11:18

    Descobri atraves de uma ressonancia que estava com focos de endometriose na capsula do figado . Fiz cirurgia por video laparoscopia e hoje tomo pilula sem pausa, nao posso menstruar. Nunca imaginei que focos endometrioticos pudessem migrar p orgaos como o figado. Ah eu estava totalmente assintomatica, fiz o exame por outro motivo.

  • responder Giselli 24/03/2018 às 11:24

    A endometriose é algo tão sério que pode levar a infertilidade,como aconteceu comigo!

  • responder Rafaela 24/03/2018 às 12:53

    Passei por cirurgia de endometriose para retirada do ovário aos 24 anos, depois que meu ovário direto se transformou num cisto 10 vezes maior que o tamanho normal.
    Quando tinha lá uns 20 anos, ia no médico e reclamava que tinha muita cólica e muito fluxo, certa vez a médica disse que era provável que eu que não sabia usar o absorvente adequadamente.

  • responder Márcia Daniella 24/03/2018 às 22:47

    Muito legal trazer esse tema para o blog. Gostei bastante e achei que as informações estão bem completas.

  • responder Juliana Moreschi 26/03/2018 às 11:00

    Eu sempre sofri com cólicas terríveis desde o começo. Minha vida era bem parecida com o que vc descreveu, tomava muita medicação na veia por que os remédios não faziam efeito e desenvolvi anemia por perda de sangue. Troquei de anticoncepcional várias vezes por conta disso e no final das contas tive que colocar um DIU Mirena. Foi o que mais me ajudou até hj, mas não solucionou por completo. Me ajudou a sair das crises e ter qualidade de vida. Ainda sinto algumas dores e tenho escape, mas nada comparado ao que era. Não recebi o diagnóstico de endometriose por que não conseguiram identificar se realmente é isso, mas a minha médica indicou o DIU Mirena como tratamento preventivo para a endometriose. Não conseguia reagir bem com nenhum anticoncepcional e segundo ela a melhor saída seria o DIU Morena. Estou melhor hoje em dia mas ainda sigo preocupada com esse possível diagnóstico.

  • responder Camila 27/03/2018 às 20:18

    Sá, obrigada pela postagem, é muito esclarecedor, eu descobri a endo há 11 anos, desde os 17, depois de 3 cirurgias estou sobrevivendo rs. O grupo GAPENDI no Facebook me ajuda muito e ajuda outras portadoras também, vale participar 😀

    Força para todas nós.

    Beijão linda =)

  • responder evelyse 31/03/2018 às 17:49

    Oi, Sá! Que linda vc ajudando a esclarecer um assunto tão pouco falado. Quando falo para as pessoas que sou portadora, a maioria não tem ideia do que é. Minha menstruação sempre foi reguladinha, fluxo moderado para leve, sem mtas cólicas, mas isso mudou do nada em 2010 (27 anos). Tudo começou com uma leve corrida ao hospital (risos!), pois eu estava com mta dor na lateral direita, bem do ladinho do apêndice. Acendeu o botãozinho “apendicite”. Adeus, apêndice! Como foi um gastro que fez a cirurgia, ele tirou e tá td bem, “vai para casa q tá td ótimo”. Mal ele sabia que era a bendita. Fiz uma laparoscopia exploratória com outro médico, pois as dores continuaram infernais, e veio o diagnostico da endometriose (e a confirmação que ela já tinha chegado lá!). Fui a procura de um médico super famoso em minha cidade natal, e ele falou que meu caso não era cirúrgico. Bora tomar 6 meses de Zoladex. Esse medicamento induz a menopausa química. Tudo que nossas mamães passaram e passam, eu passei. Foi um inferno. Nunca me senti tão mal na vida! Não adiantou nada, e só piorou. Foi então que eu, recém transferida para Londrina PR, conheci o anjo do Doutor Fernando de Paula, especialista em endometriose. Ele ficou cho-ca-do que eu tinha feito um tratamento totalmente desnecessário, pois o meu problema era profundo e urgentemente cirúrgico! Nessa época, nem andar direito eu conseguia, eu mancava! As dores eram 24 horas por dia, 7 dias por semana. Dirigir? Segurar o carro no freio? Só com o “de mão”. Eu me entupia de remédio para dor para trabalhar. Uma tristeza! Mas comecinho de 2012 fiz a cirurgia, que obviamente me deixou perfeita novamente! Como meu caso era profundo, o doutor não conseguiu tirar tudo, pois poderia me deixar “manca”. É gente, a bicha já tinha chegado ali na junção dos “nervinhos” que vão para a perna. Meu útero estava “colado” no final do intestino, por ai vai. Resumindo, até hoje não tive “recaída”, sinto uma leve cólica quando sinto que vai descer. Sei que é questão de tempo, mas graças a Deus já sei para quem correr! Se precisarem, o Dr Fernando só atende particular, mas a cirurgia que eu saiba, é coberta por plano de saúde.
    Fiquem atentas! Esse é um assunto muito, mas mto sério!
    Um beijo p vcs!

    • responder Sabrina Olivetti 02/04/2018 às 11:06

      Nossa, que bom que no final das contas deu tudo certo. Espero que continue tudo bem.

  • responder Eunice Pedrosa dos Santos 03/12/2019 às 18:23

    Fiz à cirurgia de endometriose à 40 dias, trabalho em um supermercado o inss me liberou para trabalhar,mas sinto muitas dores ainda,o médico disse que é normal,quero por favor saber à opinião de vocês, obrigada fiquem com Deus beijosssss.

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