Reflexão

Onde está sua criança interior?

11/02/2017

Pouco tempo atrás, tive um sonho bem forte (e que mexeu bastante comigo no momento em que acordei). Levantei, sentei no sofá e fiquei ali, perplexa com o nível da minha imaginação. Decidi então parar pra pensar com cuidado nele – e cheguei a uma resposta bem reveladora.

Para não perder tempo contando a história toda, basicamente sonhei com a parte de mim que constantemente me coloca em dúvida, me põe pra baixo e não me aceita do jeito que sou. Quem não tem esse monstrinho morando dentro de si? Eu tenho há uns 20 anos.

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Na segunda-feira, voltei, depois de dois anos, à terapia (terapia é algo que todo ser humano deveria fazer – afinal, cada um de nós tem suas questões, não é?). Como foi com uma pessoa nova, tive que explicar minha história de vida em uma hora (e, claro, tem um monte de coisa ainda pra próxima sessão).

Dessa maneira, voltei à minha infância. Foi impossível não lembrar de quem era aos 10 anos: uma menina risonha, brincalhona e segura de si. E pensei: o que raios aconteceu com ela? Pouco a reconheço hoje em suas qualidades tão puras e essenciais que toda criança tem.

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criança interior

Hoje mesmo, me deparei com a Raquel. Para quem não sabe, ela é uma garotinha de sete anos que deu um banho de amor-próprio e alegria em muita balzaca (eu) por aí. Para ver o que rolou, deixo esse link para que você entenda antes de continuar aqui comigo.

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criança interior

Ver essas fotos foi um sopro de ar fresco no meu coração.

Três fatos que poderiam estar isolados, mas entraram em combustão na minha cabeça e me forçaram a pensar: afinal, onde está a minha (e a sua) criança interior?

A minha foi soterrada por medos, traumas, dores, inadequações, nãos. Mas, pela primeira vez em tanto tempo, lembrei dela. E isso foi um gatilho poderoso para que passasse a querê-la de volta. Afinal, ela continua, sim, por aqui. Ela faz parte de mim, por isso jamais me abandonaria.

Quantas vezes, de fato, você se sente adorável como a Raquel? Quantas vezes o monstrinho interior ataca e paralisa? É para se pensar. Para mim, a segunda situação acontece muito mais do que a primeira. Por isso, esse post é um convite: vamos nos lembrar de quem já fomos em nosso estado mais elemental?

Resgatar aquela luz de vida da infância pode ser transformador. Que a gente não se permita esquecer dela nunca mais! Um bom sábado para você. <3

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18 comentários

  • responder Bezanga 11/02/2017 às 14:16

    Uau! É algo a se pensar mesmo. Vou separar um tempinho nesse fds pra refletir sobre isso, porque a balzaca de hoje não se parece em nada com a menina cheia de sonhos, garra e força de vontade que morreu em algum momento nesses anos…. =/ Obrigada Thais! Vai ser uma reflexão e tanto! =)
    Obs.: Que coisinha mais linda você pequetitinha!!! <3

  • responder Mari 11/02/2017 às 15:12

    Thaís, esse que tá na foto de criança com você é seu irmão né?
    Muito, mas muito igual a você! Choquei!

  • responder Bianca Siqueira Gonçalves 11/02/2017 às 18:11

    Impactante pensar sobre “onde foi que eu mudei”. A vida adulta exige demais da gente. Muitas cobranças, muitas responsabilidades. Com o tempo a gente tende a perder a alegria e a espontaneidade.

  • responder Bianca Siqueira Gonçalves 11/02/2017 às 18:14

    Muito impactante pensar sobre “onde foi que eu mudei”. A vida adulta exige demais da gente. Muitas cobranças, muitas responsabilidades. A gente tende a perder a alegria e a espontaneidade.

  • responder Izabel 11/02/2017 às 19:49

    Comigo foi o contrário. Fui uma criança e adolescente cheia de medos, melancólica, retraída, com crises de pânico. Não me aceitava, tinha vergonha do meu corpo, me achava inferior. Depois dos 30, sinto-me mais leve, não tô nem aí pra opinião dos outros e me aceito muito mais. Não penso em casar, adoro colecionar legos e não me preocupo com o que a sociedade impõe! Detesto padrões! Pode ser que esse meu pensamento doido até esteja errado mas eu tô pagando pra ver, kkkk!

    • responder Keyla 12/02/2017 às 09:53

      Comigo tbm foi assim, Izabel. Quando me vejo criança lembro de tantas coisas e sentimentos que, ainda bem que evoluí…Timidez, medo, baixa estima, melancólica e retraída. Uma parte pela criação repressiva que tive. Mas sempre tive em mente que não queria ser assim, e com a chegada dos trinta foi uma leveza que só vendo… Preservei os bons sentimentos, a pureza e a alegria, e exerci o meu verdadeiro eu. Não foi fácil, é uma tarefa dolorosa o despertar… Mas é tão gratificante!
      Hj quando eu penso na Keyla criança eu abraço ela e digo que ela está bem protegida e amparada, pela mulher que me tornei. Sem traumas ou rancor por quem eu fui ou quem contribuiu para eu ser assim no passado.

  • responder Lucimara da Silva Souza 11/02/2017 às 21:46

    Cara, eu me identifiquei muito com seu relato e com a Raquel.

    Eu até chorei lembrando aqui o meu primeiro dia de aula. Eu tenho fotos toda sorridente com mochila, lancheira e uniforme. Eu estava tão feliz quanto a Raquel. A minha mãe até ficou um pouco decepcionada porque as outras crianças choravam e não queriam ficar na escola, mas eu era uma Raquel feliz em estar naquela escola grande, cheia de cadeiras enfileiradas e eu estava sedenta por conhecimento.

    Os meus pais dizem que eu cresci e mudei muito. Que nem pareço aquela menina alegre que dançava, cantava e era cheia de autoestima (até um pouco “metida” eu era). Hoje sobrou bem pouco. E as coisas começaram a mudar cedo para mim. Na segunda série, com oito anos, eu entrei chorando no carro do meu pai porque queria sair da escola. Eu me sentia isolada, não tinha amigos e os colegas só se aproximavam de mim para pedir lição ou material emprestado. Eu era a típica “CDF”. Foi daí a ladeira abaixo, infelizmente.

    Eu tive crises cada vez piores ao longo do ensino fundamental e médio e mesmo com acompanhamento psicológico nunca voltei a ser “Raquel”. Não sei em que momento da vida eu perdi a minha criança, eu deixei de ser quem era, mas eu luto diariamente para ser novamente ou ser a melhor versão de mim que eu puder.

    Eu luto contra um demoninho que mora dentro da caixola e diz que eu sou burra, feia, gorda demais, que eu sou um monstro. Eu luto diariamente para manter o bom humor e não afetar as pessoas ao redor. Quando eu conto o que eu sinto as pessoas se espantam e não acreditam porque eu tento não transparecer nada disso, eu tento não trazer a negatividade que mora dentro de mim a tona. As pessoas acham que eu sou feliz o tempo todo, que sou divertida, animada, mas luto bravamente todos os dias para botar um sorriso no rosto e fazer o melhor que posso por meu dia ser bom. É uma luta constante e sem fim. Eu luto para me manter positiva, esperançosa e só atrair coisas boas, é complicado quando o inimigo mora dentro de você.

    Beijos, Thais. Obrigada pela reflexão!

  • responder Renata Oliveira Santos 11/02/2017 às 22:43

    Thaís, já ouviu falar num livro chamado “Mulheres que correm com os lobos”? Estou lendo agora e amando! Ele fala justamente sobre resgatar o nosso eu interior (que a autora, uma psicóloga junguiana, chama de Mulher Selvagem). Acho que você iria gostar 😉

  • responder Márcia Daniella 12/02/2017 às 19:27

    Ai, Thaís ! Vc me fez chorar de novo, sua linda. Obrigada por esse post.

  • responder Mariana 12/02/2017 às 20:04

    O que me choca um pouco é a criança do vídeo ter luzes no cabelo, é criança, o cabelo é mais fino, frágil, causa estragos e cuidados que ela nao tem maturidade nem idade para se preocupar e cuidar. Mas opinião né…

  • responder Marina 12/02/2017 às 20:27

    Engraçado, as vezes a gente esbarra com um texto que era exatamente o que estava precisando ler. Obrigada por escrever, por compartilhar essa pergunta. Eu não sei onde deixei a menina super segura de alguns anos atrás, mas preciso encontrar!
    Beijos Thais querida <3

  • responder Michele Bdz 13/02/2017 às 08:21

    Taí uma coisa que a gente deveria refletir sempre: onde foi parar aquela criança, cheia de sonhos e sem medos?
    PArece que nos dias de hoje,o que acontece é exatamente ao contrário… :/

  • responder Monique 13/02/2017 às 11:04

    Nossa, adorei esse post, excelente reflexão!

  • responder Fabiana 13/02/2017 às 11:43

    Thais, que texto interessante e que de fato nos faz refletir, mas confesso que comigo aconteceu o oposto.
    Eu fui uma criança mais fechada, que se sentia mais feia e diferente das demais. Levei alguns anos para me libertar disso e ser a pessoa que sou hoje.
    Hoje sou bem humorada, otimista e feliz comigo mesmo, eu me aceitei e vivo feliz assim.
    Minha criança interior se revela quando estou com meus filhos, porque quero que eles sejam mais felizes e seguros do que eu era, por isso tento pensar sempre no que mais me incomodava naquela época para compreendê-los melhor.

  • responder Luiza Correa 13/02/2017 às 16:59

    Olha eu fico boba o quanto seus textos tem tanto a ver comigo kkkk
    Infelizmente, não tenho uma criança feliz e cheia de confiança que eu possa me lembrar e resgatar. Sinceramente, só lembro das partes ruins rss
    Estou tentando mudar essa forma negativa como me vejo há um tempo já. Uns anos na verdade. Tenho melhorado lentamente, e você ter citado a terapia, me lembra que tenho que tomar coragem para procurar ajuda especializada.
    Espero chegar no nível de algumas meninas dos comentários que se sentiram melhores consigo mesmas depois de mais velhas. Tenho esperança de que um dia isso aconteça.

  • responder Nívia 14/02/2017 às 16:03

    Olá Thaís. Sou leitora que nunca comenta, mas aproveitando a oportunidade…adoro seus textos e o blog!!!
    Enfim, acabei de fazer 30 anos também e estou lendo um livro super legal que ganhei de niver de umas amigas. Ouse Crescer – Um guia prático para mulheres brilhantes como você – de Tara Mohr. Neste livro a autora fala justamente dessa voz interior que nos coloca pra baixo e nos ajuda tanto a identificá-la, como a saber conviver com ela. Além de nos fazer encontrar um outro eu que traz motivação.
    Está me ajudando muito neste momento, porque traz exercícios práticos.
    Beijão

  • responder Julia Kubrusly 14/02/2017 às 22:36

    A sociedade repete tanto pra gente que não somos suficientes nem incríveis que é difícil manter a tal criança interior rs eu nem era uma criança tão segura de mim não, acho até que me amo mais hoje do que quando criança, mas toda a crítica da sociedade ainda é muito forte

  • responder Miriã Andrade 17/02/2017 às 23:32

    Que saudade da minha infância, melhor época da vida. Com a correria do dia a dia e da vida adulta cheia de compromissos, a gente esquece fácil da nossa criança interior. Por isso procuro sempre fazer algumas coisas que amava fazer quando criança, como jogar futebol e jogos de tabuleiro e claro, ver a vida com mais leveza! 😉

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