Sei bem que para quem é de Carnaval hoje é dia de pé na estrada rumo à folia (ou só pé pra fora de casa mesmo se a cidade já for festiva)! O momento pede cor, alegria, música, risada, diversão… Mas se tem uma coisa com a qual ele não combina é assédio! E é sobre esse tema super importante que vim falar!
Já pulei muitos Carnavais na vida – desde os bailinhos à fantasia ao som de É o Tchan! no clube até os bloquinhos pelas ruas do Rio de Janeiro. Já tive fases de beijar quem eu tivesse vontade – e quem quisesse fazer a mesma coisa, claro – e situações em que o negócio era só curtir com meus amigos.
Carnaval pra mim sempre foi mesmo uma época boa, mesmo quando estava bem sossegada em casa assistindo ao desfile das escolas de samba. Mas teve um, em específico, que me marcou: e, infelizmente, não foi positivamente falando. Foi o primeiro – e espero que único – em que sofri assédio.
Em 2013, passei o Carnaval com os amigos no Rio de Janeiro. Saí todo dia pra vários blocos e tava bem de boa me divertindo com o pessoal.
Até que, num desses bloquinhos, um rapaz se aproximou de mim pra me ~xavecar. Me lembro perfeitamente que trocou meia dúzia de palavras comigo (senão menos) e – atenção – incentivado pelos amigos, me puxou pra dar um beijo. Sem o meu menor consentimento. MENOR.
Enquanto eu ouvia gritos de “beija, beija”, fui sufocada numa chave de braço da qual jamais conseguiria me desvencilhar. O “beijo” foi ele empurrando a boca contra a minha e eu tentando desesperadamente fugir.
Quando finalmente consegui, não tive a menor dúvida: meti a mão na cara do sujeito. Com força e vontade. Ele, indignado, disse: “VOU CHAMAR A POLÍCIA!”.
Respondi que ele podia chamar e que quem tinha me agredido primeiro era ele. O cara se encolheu envergonhado e foi embora com os amigos.
Essa é mais uma história, dentre várias tantas bem piores, que demonstra o quanto a mulher ainda é vulnerável dentro de uma situação de divertimento. E ela poderia ter acabado nada bem. Tive muita sorte de não recebido outro tapa de volta ou de ter apanhado da galera que estava junto com esse rapaz – inclusive, durante esse mesmo Carnaval, ouvi um relato de situação parecida com a minha que acabou com a moça sendo espancada por todos os marmanjos que estavam com o agressor inicial (!).
Ou seja: hoje, dou graças a Deus por não ter me acontecido nada e não recomendo que alguém faça algo parecido. Mas não me arrependo de ter colocado aquele cara no lugar dele não – mesmo com a galera que tava comigo dizendo: “pô, Thais, é Carnaval, relaxa”. Não havia maneira de eu relaxar diante daquilo. Não me soava nada normal. E olha que nem sabia direito o que era feminismo na época!
Veja bem: seu corpo pertence única e exclusivamente a você – e o do outro, seja homem ou mulher, também. Ninguém pode violar esse direito, seja com a tentativa de um beijo, com uma mão boba sem consentimento, com a pressão para transar quando você não está com vontade. Não importa que é Carnaval. Não importa que tá todo mundo meio alto. Não importa se a saia da sua fantasia é curta.
E, sim, minha cara, a palavra para qualquer tentativa invasiva feita por outra pessoa é assédio. Mesmo que pareça só uma besteirinha dessas de Carnaval – já vi muita gente simplesmente deixar acontecer por medo, por não querer se sentir inadequada, por simplesmente ter sua voz calada em choque. E depois essas mulheres choraram, perderam o clima, se sentiram violadas. E isso não é nada legal.
Por isso, amiga, não tenha medo de dar um VRÁ em cara babaca nesse e em nenhum Carnaval. “Não é não”, como diz o ditado. E, se possível, peça o apoio dos seus amigos: quando as pessoas se unem em prol do todo o socorro vem de um jeito mais rápido e eficiente. Só não se cale, combinado?
PS: Sei que é um tema pesado para o início do período de folia, mas a gente precisa falar disso a tempo. Não dá para simplesmente ignorar! Então, divirta-se muito, mas não deixe de se cuidar também. <3
Foto usada nas montagens: Shutterstock
9 comentários
Isso mesmo, Thaís! NInguém tem o direito de nos tocar sem a nossa permissão ! Carnaval não pode ser desculpa pra comportamento abusivo.
Sou do Rio e posso dizer que os piores blocos são os mais “famosinhos”, que ficam abarrotados e a playboyzada enche a cara se achando no direito de sair agarrando mulher “porque é Carnaval e se ela está ali é porque merece”. Dou uma dica ao povo que vem curtir os blocos: prefiram os menores, “alternativos”, que são mais divertidos e festeiros que os badalados. =)
Boa dica, Bia! 🙂
o tema mais importante que vocês poderiam ter abordado! <3
RELAXA QUE É CARNAVAL É MEUKU
Num é? 🙂
[…] ? Por um Carnaval sem assédio […]
Atitude sempre, Thais! Eu faria a mesma coisa, apesar de não gostar de carnaval e ser sempre muito caseira, mas isso é inadmissível! Meu corpo, minhas regras!
melhor posttt
vou compartilhar
adrei
Até que vi várias campanhas no facebook contra assédio, mas a maioria focava no homem, ensinando o que podia ou não… beleza, acho bom que eles entendam, mas fica parecendo que eles fazem isso (assédio) pq não sabem que é errado, como se fizessem meio sem querer e a gente sabe que não é assim… tdo mudo sabe que é errado beijar alguém a força e mesmo assim eles fazem. por isso prefiro campanhas que se voltem para as mulheres, que as incentivem a ficarem juntas e se fortalecerem se necessário, intervindo quando virem outra mulher ser assediada e coisas assim…