Despertador toca, você se revira na cama, cessa o barulho e, em vez de levantar-se de prontidão, começa a olhar as notificações das redes sociais, abre o e-mail da firma horas antes de chegar ao trabalho, responde algo urgente no Whatsapp (peraí, não são 7 da manhã?)…
E assim aquele café da manhã caprichado vira um achocolatado de caixinha tirado às pressas da geladeira. O banho demorado vira uma ducha rápida – talvez com o Snapchat rodando pra você não perder nada. Começa mais um dia, com aquela sucessão intermitente de barulhinhos, vibrações, coisas importantíssimas na tela. São 10 da noite e você está na cama, mas não apaga a luz ainda porque tem um vídeo sensacional de meia hora pra ver.
Não estou aqui para julgar ninguém, jamais. É porque observo esse movimento com frequência. E tem mais: ainda me sinto do outro lado, aquele de quem trabalha com internet e precisa, a todo momento, produzir conteúdo. O que mais li enquanto estava passando uma temporada no Rio foi: “Thais, cadê você no Snap?”. Ok, a chuva de alguns dias me atrapalhou, mas a verdade é que eu estava curtindo o prazer de ficar offline em grande parte do tempo. E foi absolutamente libertador.
Muita gente me acha estranha por não estar com o celular a todo momento perto de mim. Fico sempre com o wi-fi e o 3G desligados. Sempre, é sério. Ligo só quando estou com vontade. Tem algo na pressão de estar sempre disponível que me deixa muito incomodada. Já me considero uma pessoa bem aberta na ~vida real~ e criar um plantão para atender às demandas alheias é simplesmente demais. “Tem que ser no meu tempo, não no tempo dos outros”, procuro pensar. Isso me faz um bem danado também.
Vivemos num momento em que a vida online é o que determina como vai nossa vida offline. Mas com ressalvas: a imagem precisa ser de felicidade (“de gente triste o mundo já está cheio”), a vida precisa ser perfeita (“de imperfeita já basta a minha”), a foto precisa ser linda (“mas só Deus sabe como foi escolher a melhor entre 250 cliques”). Que coisa. Esquecemos que os melhores (e até os piores) momentos não passam por nenhum filtro – eles são o que são. Tem beleza na alegria e tem beleza no choro. A vida é assim, uma coisa depende da outra. A quem queremos tanto agradar, afinal de contas?
Meus dias no Rio de Janeiro foram inesquecíveis. Fiz fotos quando o momento merecia, respondi mensagens quando estava com vontade, rolei o feed do Facebook quando a vista já tinha me preenchido. E assim foi – estava muito ocupada com minha vida offline. <3
42 comentários
É isso mesmo! Ultimamente venho sentindo essa necessidade de “me desligar” dessa disponibilidade absoluta e desse consumo de mídias infinitas. Agora sempre que noto que o negócio tá meio fora de controle singelamente vou lá e me desconecto. Pronto. Como vc falou é mesmo algo libertador. Pena ter demorado tanto tempo p perceber isso mas enfim, o que importa é a nova atitude! Amo esse tipo de post reflexivo e sempre m identifico muito! Vcs são ótimas <3 bjosss
<3 <3 <3
Thaís, me identifico muito com o que você escreveu. Já faz algum tempo que só tenho Whatsapp e recebi críticas de amigos dizendo que como eu ia saber das coisas que estavam acontecendo. Percebi que ganhei mais tempo comigo, que durmo melhor e que quem realmente importa consegue se comunicar comigo tranquilamente. Muitas pessoas da minha rede social me viam na rua e nem cumprimentavam mas curtiam e comentavam minhas fotos! Hoje vejo mais a paisagem através dos meus olhos do que pela tela do celular. Estou feliz com essa escolha que fiz. Beijos
Perfeito, Tarcila! 🙂
Super te entendo e concordo contigo. Noutro dia esqueci o celular em casa e saí trabalhar, depois fui para a faculdade e posso dizer que foi um dos dias mais tranquilos que tive nesse ano!
Prestei mais atenção na aula, rendi mais no estágio e ainda não fiquei ansiosa. Às vezes tenho vontade de voltar a usar um N*kia lanterninha – apenas ligações e SMS mais urgentes, sem contar a bateria que durava horrores!
hahahahahaha, fato! A bateria durava horrores!
Eu me desliguei por uma semana e olha
FOI UM DETOX EM MINHA MENTE
Otima reflexao
beijos
A vida offline é real e é nela que temos de ser felizes
Reflexão perfeita. Sempre achei exagerada a exposição em redes sociais, mas ultimamente acabei percebendo que estava seguindo a mesma linha. Tenho enfrentado um problema de ansiedade e com a terapia, comecei a perceber o mundo com outros olhos, e uma das mudanças foi essa: realmente ver que a vida é mais que uma foto bonita, que nem sempre é preciso postar foto do final de semana pra provar que ele foi feliz. O melhor da vida realmente acontece offline. Que a gente perceba isso, antes que a gente perca tantos momentos especiais passar com o celular na mão.
Conheci o blog faz pouco tempo. Mas já é o meu preferido. O conteúdo de vocês é incrível! Beijos do Piauí.
<3 Continue com a gente - especialmente trazendo tanta reflexão boa! Beijo!
Guria! Muito me identifiquei! Muito mesmo! Não gosto dessa pressão de “ter que” responder na hora. Eu tenho o meu tempo! Muitas vezes tbm fico com a internet desligada. Não tenho o app do Facebook, me incomodava mto com meus clientes me chamando no whatsapp pessoal e simplesmente tomei a decisão de desinstalar o aplicativo. As pessoas ficam horrorizados quando eu digo q não estou usando o aplicativo mas para mim foi um baita descanso. Meus clientes estavam exagerando, mandavam mensagem as onze da noite, ou véspera de feriado. Senti que era mais ou menos assim: vou mandar, quando ela puder ela responde. Alguns mais abusados enchiam de pontos de interrogação quando eu visualizava e não respondia. Comecei a achar desaforo. Sou advogada, e não tenho nenhum caso urgente – e se é urgente a gente liga – que não possa ser resolvido em horário comercial. Com a facilidade das mensagens o pessoal perde um pouco a noção. Muito me identifiquei com seu texto! Adoro seus snaps!
Fato, Chris! E infelizmente. Esses ????? me matam por dentro, sério.
Olha, eu tô afastada faz um tempinho desse mundo virtual e tem me feito muito bem, infinitamente bem.isso não quer dizer que eu não goste,mas precisei de um tempo só meu..quando eu me sentir a vontade pra voltar..voltarei.me identifiquei com seu post. Beijos
Muito legal o seu texto, Thais. Também tenho me sentido extremamente sufocada com esse uso excessivo do WhatsApp. Vi que tinha algo errado quando eu chegava em casa e passava horas no celular parecendo um robô, ao invés de descansar e fazer coisas realmente prazerosas. Estou pensando seriamente em fazer um detox. Também tem o fato contato pela colega advogada acima- as pessoas ficam extremamente irritadas quando você olha e não responde ou simplesmente não olha; como se você tivesse que estar 24h à disposição só pra gerenciar redes sociais. Eu tô assistindo Black mirror e me dá arrepios de como a vida real está virando aquilo ali. Adorei o texto. Beijos
A gente precisa encontrar o equilíbrio, né, Tay? Beijo!
Por isto que este é um dos pouquíssimos blogs de moda/beleza que consigo seguir. Vocês são muito reais e humanas,rola uma empatia muito grande. Acho que trabalhar com internet e não ser um viciado nos aparelhos eletrônicos, e com moda,sem ser escravo do mercado é um desafio muito grande que vocês vencem com maestria.
Não é mole mesmo, Júlia! Muito obrigada pelas palavras de carinho. <3
Mulher, como você e as meninas fazem com o trabalho diário, com coisas que precisam ser resolvidas na hora? Se eu tivesse vc como sócia ia ficar louca, Tais! Hoje em dia ficar offline me parece uma decisão bacana quando as pessoas não dependem de celular pra trabalhar, achei que toda blogueira usava snap insta etc por fazer parte do trabalho! A não ser que alguém faça isso por vc hehe queria poder ficar off tbm, mas se ficar minhas sócias e eu morreremos de fome, sorte a sua poder ficar off, bjs lindinha
hahahaha, não, eu mesma gerencio tudo. Mas me permito ficar offline fora do horário de trabalho – e agora, durante essa viagem. Na verdade, resolvi um p*ta problema quando estava no Rio! Tive que monitorar, claro. Não dá pra largar tudo, mas em boa parte do tempo estava vivendo a vida offline mesmo, sem pressão de mostrar tudo a toda hora na internet! Beijo!
Eu estou tentando reduzir o tempo que eu passo no celular e nas redes sociais. Meu problema é a procrastinação.
É libertador, mas bem difícil, porque não deixa de ser um vício. Ainda estou pensando em algo para substituir esse tempo, ou então em algo que eu possa usar de reforço positivo, para me ajudar.
O mais complicado é conseguir lidar com a ansiedade, se forçar a estar presente, sem tentar fugir pelo celular.
É verdade, Raíssa! Já ouviu falar da técnica Pomodoro? Você trabalha bem focada por 25 min e “descansa” por 5. Funciona bem pra mim!
Sabe, tem muita gente por aí que não consegue ficar off line. Pior que o mundo virtual parece estar substituindo o real para os mais jovens. Será que essa galerinha jovem sabe o que é um bate-papo olho no olho? E com isso os relacionamentos estão se esvaziando, o aprendizado que se adquire com a vida e com o outro fica pobre. A garotada não sabe sequer escrever. Só a linguagem de internet. Meus pêsames, a língua portuguesa está morrendo, de inanição. E, junto com ela, os relacionamentos interpessoais. O progresso tecnológico é bom, mas também pode ser péssimo.
Desculpem o desabafo…
Imagina! Também me preocupo com isso. :\
Isso mesmo Thaís, não tenho nenhuma rede social e não sinto falta
Parabéns Thaís! Outro dia , quando respondi que não tinha facebook , a pessoa me perguntou como eu me comunicava com o mundo! Aff!
Acho que é uma tendência as pessoas se afastarem desse bombardeio de tecnologia. Vira e mexe esqueço o celular carregando em casa e fico de boa o dia todo sem ele. Hoje por acaso aconteceu um negócio bacana: estava voltando de ônibus pra casa e vi um arco-íris sensacional no céu. Mas TODO MUNDO do ônibus tava mexendo no celular e nem notou o colorido no céu. =/
Pra você ver, né? É uma coisa doida a gente ter que lembrar de olhar o mundo sem uma tela de celular na frente. :\
Aplaudindo de pé!!! Bravooo!
Concordo em tudo o que você disse. Digo que WhatsApp é a pior merda que inventaram. Essa obrigação de resposta, de contato.
Um beijo!
HAHAHAHAHA! A pior merda foi ótimo. Eu uso pra me comunicar, mas concordo que pode deixar a gente MUITO ansiosa – e os outros também.
Perfeita reflexão!
Vivemos muito bem por muito tempo sem essas porcarias todas (no bom sentido), então por que não diminuir essa dependência que foi criada por nós mesmos?
Beijos!
Adorei a reflexão, Thais!!!
Como não amar?
A idade chega e a reflexão tbm, me pego muitas vezes pensando exatamente sobre isso.
Observo as pessoas na rua, no restaurante e em qualquer lugar, ao invés de conversarem com quem está lá ficam no celular, acho isso não só chato, acho triste, as pessoas estão esquecendo de viver na realidade para viver em um mundo de mentira.
O quanto antes se derem conta disso mais tempo terão para a felicidade de verdade.
Internet é bom? Sim é, mas assim como bebida alcoólica, deve ter o consumo moderado hahahahahah (ok ok, as vezes a gente exagera).
Venham conhecer meu canal “TPM de 30 dias”.
Super bjo.
Nati
Verdade, Nati! Você NUNCA vai me ver com o celular ligado em cima de uma mesa de restaurante quando estiver com outras pessoas. NUNCA. A não ser que esteja cobrindo algum evento pro blog, etc e tal.
ameii o textoThaís, me inspirei profundamente,vou tentar fazer isso!!
ameii o texto Thaís, me inspirei profundamente,vou tentar fazer isso!!
Thais, super me identifiquei. Acho uma doideira essa exposição e ostentação exagerada nas redes sociais. Fora que mts vezes não reflete a realidade né. Sou tida por louca Pq só uso WhatsApp (o que já toma bastante tempo mas ao menos trata-se de pessoas mais próximas). Raramente uso facebook e não tenho Instagram. Não me faz falta nenhuma. Aproveito a vida real. Mesmo que não vá ostentar isso em nenhuma rede social. O prazer acaba sendo só meu e de quem eu escolher compartilhar: seja ao vivo, seja pelo WhatsApp. Beijos.
<3
A gente acaba ficando tão dependente de tecnologia, que nem percebe, né? Sempre que vejo blogueiras viajando fico pensando que vcs nunca estão de férias de verdade, é insta, é snap, é vlog e sei lá mais o que que não podem tirar de verdade 30 dias off. Eu quando viajo gosto de nem abrir o facebook e ficar de fora de todas as discussões de grupos de whatsapp pra curtir de verdade o lugar e o agora. Que bom que vc consegue desligar, Thais.
http://www.issoaquiloetal.wordpress.com
Super concordo, Thais! Eu desativei meu face (novamente) e é super genial! NO começo a gente percebe que precisa de algo, que falta alguma coisa, mas é somente o vício, Outra coisa: odeio quando respondo no whats e a pessoa IMEDIATAMENTE responde ¬¬’ Respondo na hora que eu quiser kkk
Essa coisa de internet o tempo todo é maluco! Tudo bem que precisamos, mas há vezes que ler um livro, sair para andar de bike é muito melhor! 😀
Na verdade sempre foi melhor 🙂
Eu ando muito apegada ao mundo online, perdendo até horas de sono por causa disso, e olha que dormir é o que mais amo nessa vida. Adorei o seu relato, preciso me inspirar nisso.
às vezes ficar off é o que mais precisamos..
O parar e admirar a ‘vida real’ é bem mais benéfico do q a gente imagina…