É, minha gente, a crise anda pegando todo mundo. Se antes até dava pra ir ao shopping, se apaixonar por algo e levar, agora o cuidado é bem maior. Afinal de contas, nosso dinheirinho anda valendo menos! Além disso, tenho pensado muito na questão de que comprar não é esporte. É consciência!
Uma das minhas maiores tentações sempre foram as fast fashions. Gosto da possibilidade de encontrar uma peça que está chamando a minha atenção por um preço um pouco mais amigo do bolso. Mas já tem um tempo que procuro fazer compras realmente inteligentes nesse tipo de loja. Confiram agora algumas dicas!
#1 Ter olho clínico
Não tem segredo: se uma roupa é vendida a valores inferiores na comparação com outras lojas, é porque teve fabricação em larga escala e foram utilizados atalhos que diminuem o custo de produção*. Portanto, olho clínico! Não dá para esperar qualidade impecável, mas criar o costume de ler as etiquetas é uma boa saída. Procurem por bons materiais, com menor porcentagem de fibra sintética. Outra dica é sempre virar as peças do avesso para ver como estão os acabamentos. Costuras malfeitas ou botões presos displicentemente podem dar dor de cabeça depois.
*Nos últimos anos, pipocaram denúncias de desrespeito trabalhista em diversos países onde as grandes redes de fast fashion terceirizam suas produções. Acredito que o papel de alguém que queira consumir de forma consciente seja estar por dentro de quais são essas empresas e o que elas estão de fato fazendo para transformar tal realidade – se estiverem! Gostaria de viver num mundo em que as coisas que gostamos estivessem disponíveis por um preço justo e com qualidade, mas nós sabemos que não é sempre assim. Entrar no jogo é uma escolha pessoal; buscar alternativas também. Não vou ser hipócrita de dizer que eu nunca compro em fast fashions, ainda mais fazendo um post ensinando como comprar melhor nelas! Pessoalmente, acredito em gerenciar o consumo como forma de resposta. Não compro fervorosamente como um dia posso ter feito, mas também não deixo de comprar quando aquilo vale a pena para mim. Talvez um dia eu mude e passe a rechaçar esse tipo de loja? Talvez. Mas me sinto um pouco melhor em não ser a consumidora que as grandes redes esperam. Estou no meu caminho – e cada uma tem o seu!
#2 Experimentar, sempre
Essa é uma tecla em que não canso de bater. Todas as lojas possuem sistema de numeração, mas fato é que a modelagem varia bastante entre uma marca e outra – às vezes, de peça para peça, inclusive! É uma realidade chata, que poderia mudar, mas há um jeito de contornar enquanto isso não acontece: experimentando sempre! A gente não pode ter preguiça de provar, pois é em frente ao espelho que vamos entender o comportamento da roupa no nosso corpo. Eu sento, levanto, mexo os braços, caminho… Porque, no fim das contas, é preciso ficar, além de bonita, confortável! Ah, e nada de se fixarem num tamanho! O importante é que a peça vista o corpo como deve ser. Ninguém sai com a etiqueta de numeração pendurada depois, né? Vamos desencanar disso, mulherada!
#3 Lembrar do que se tem em casa
De que adianta comprar aquela roupa super legal se a gente não faz ideia dos complementos que vamos usar com ela? Então, antes de passar no caixa, é bom parar e pensar de antemão com o que vai ser possível combinar as novas aquisições. Consumir de forma consciente é também entender que tudo deve estar conectado! Além disso, é preciso ter em mente que, para sermos únicas, temos que aprender a criar nossas próprias misturas. Do contrário, vamos todas parecer o manequim da loja em versão ambulante! E que isso graça teria, não é mesmo?
#4 Avaliar custo/benefício
Sabemos bem que as fast fashions trazem peças com preços um pouco melhores (digo “um pouco” porque muitas têm encarecido constantemente, né!). Mas às vezes o barato sai caro! Se ignorarmos os três passos anteriores, possivelmente sairemos no prejuízo. Roupas que estragam com facilidade, não servem perfeitamente e requerem novas compras para serem usadas não valem o investimento pois as chances de usá-las diminuirão drasticamente. Então, o negócio é ficarmos atentas e pensarmos bem antes de comprar. Adquirir por impulso pode ser prejudicial à conta bancária e, além de tudo, vai resultar em muito acúmulo no armário. Para quê, se podemos viver com menos?
Pode ser que tenha falado o óbvio para algumas de vocês, mas ao mesmo tempo acredito que, de alguma maneira, esse post possa ter aberto novas cabeças sobre o assunto!
Fotos: Shutterstock
36 comentários
Acho super importante essa reflexão.
Thaís, infelizmente o problema no Brasil não é mais ‘só’ as peças produzidas na China, Índia e países asiáticos. Somos um dos principais países com sérios problemas na indústria da tecelagem com relação ao trabalho escravo.
Não há uma única fast fashion que não encarre acusações de trabalho escravo, e sequer as ‘grifadas’ como Le lis Blanc, M. Officer, Luigi Bertiolli, etc, etc, escapam.
Como avaliar? aqui tem um aplicativo legal que ajuda a ver como as empresas tem tratado dos problemas: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/12/app-moda-livre-revela-se-lojas-estao-envolvidas-com-trabalho-escravo.html
A C&A, por hora, está verde novamente, pois se comprometeu a cumprir acordos e decisões contra ela na justiça. É assim que avalio se vale a pena entrar ou não numa fast fashion ou qualquer outra loja, vejo o aplicativo: tá verde? Entro. Voltou a ficar vermelho? Vou levar meu rico dinheirinho para outra loja, simples assim.
Vale a pena também procurar cooperativas locais de trabalhadoras. Aqui em Campinas, na aV. Dr. Morais Sales, por exemplo, tem um ateliê de roupas de ginásticas feito por costureiras que já foram superexploradas em tecelagens em condições de trabalho escravo. Hoje elas têm o negócio delas, e veja só que maravilhoso: fazem roupa de ginástica sob medida!
O preço é igual ao de qualquer fast fashion. Aposto que todas nós temos uma costureira por perto, vale a pena investir no trabalho dessas mulheres, exatamente para que elas não sejam vítimas desse mercado tão cruel da indústria têxtil e de moda.
Quem quiser se informar, tem um documentário bem legal no netflix: The True Cost (2015)
Muito legal o seu comentário.
Vale lembrar, que em bazar também é possível encontrar peças de ótima qualidade (tipo algodão, seda, etc) por um preço similar aos das fast fashion da vida.
Muito obrigada, pelas informações!!!! Vou baixar o app e ver o documentário! Sempre bom usar nosso poder como consumidores para tornar o mercado mais consciente (msm q na marra)! Beijinhos!
Oi, Marcia! Tudo bem? Muito legal sua dica da cooperativa das costureiras em Campinas, poderia me passar o nome da loja? Obrigada! Beijos!
Que legal, Marcia! Já estou baixando o app. Pra falar a verdade estou evitando ao máximo compras em fast fashion (comprar, no geral, na verdade)… Já rolou uma outra discussão sobre isso em outro post e foi muito produtivo. Eu ainda sigo dando preferência para costureiras locais e brechós.
Que bacana, já baixei o app! Obrigada pela dica!
Marcia, muito bacana seu comentário.
Já estou olhando a notícia que você postou e vou procurar esse documentário com certeza…as vezes não temos dimensão do que estamos apoiando ao fazer uma “simples” compra.
Marcia, super obrigada pelo comentário bem embasado e cheio de dicas. Já tinha ouvido falar desse documentário mas nunca assisti – vou procurar! E o app já estou baixando! Valeu mesmo!
Ai precisooo aprender a provar ! Morro de preguiçaaa! Já aconteceu algumas vezes de não caber e, na hora de trocar, não ter mais a peça na loja…
😐
Ai, ai, ai, dona Fernanda! Lembra da Tia Thais na próxima! hahahahaha
Muito legal esse post! Eu demorei para aprender a seguir sozinha esses passos. Antes eu comprava por comprar. Agora sou bem mais consciente, só compro se tiver certeza!
isso aí! <3
Eu li um texto no Oficina de Estilo com um pensamento muito interessante sobre as fast-fashions (http://www.oficinadeestilo.com.br/blog/nao-e-sobre-o-que-mas-sim-sobre-como/): o problema não é comprar lá, mas em quantidade e numa frequência absurda, pois as redes de FF não seriam tão grandes assim e “nem precisaria usar métodos desumanos pra produzir mais e mais pra abastecer loucamente as lojas”. Para mim fez sentido, sabe?
Infelizmente o preço de fast fashion popular ainda é o que cabe no meu bolso. Mas sigo fazendo minha parte, tentando comprar melhor, comprar menos e comprar de marcas menores sempre que possível. Tem muitas lojas pequenas com roupas maravilhosas na internet, só não me jogo porque existe o porém de não poder experimentar, então não é toda peça que arriscaria comprar (vestido soltinho? ok. calça? de jeito nenhum.) =/
Patthy o texto é muito bom, obrigada!
Maravilhoso esse texto, adorei! Obrigada por compartilhar, Patthy! 🙂
Concordo com o comentário da Nandi. Em bazar também é possível sim encontrar peças de qualidades com preço muito bom,para quem gosta é uma boa forma de economizar. Eu já comprei muito por impulso,hoje valorizo meu dinheirinho. Muito bom o post. Bjs
Eu acho muito importante a gente pensar sim no trabalho escravo (ou super explorado) e no consumismo. Eu sei perfeitamente que tenho roupas suficientes pra mim (e não tô falando de ter duas calças e 5 blusas no armário não, tô falando de ter bastante roupa mesmo, ainda que menos do que a maioria das minhas amigas), então não tenho motivo nenhum pra sair comprando. Isso não quer dizer que eu não compro nunca, mas me faz consumir bem menos e ser bem mais consciente.
http://www.issoaquiloetal.wordpress.com
Esse post caiu do céuuuu. Confesso que meu vício não são as fast fashions, mas sim as compras on-line. Compro demais roupas e sapatos que nem experimento. Uma doideira só! Percebi que esse vício começou a fugir do meu controle, porque eu não conseguia passar um dia sem fazer ao menos uma compra on-line. Estou tentando melhorar e me propus viver um mês sem compras em e-commerces. Estou chamando de “Abril da Abstinência”. Hoje é dia 6 e por enquanto To conseguindo. Torçam por mim! 😀
Marcia estou na torcida por você! Já tentou reorganizar o guarda-roupa? Ajuda bem a entender o que você já tem e evitar novas compras. Eu fiz e me ajudou bastante.
Obrigada pela força, Márcia. Preciso fazer isso, mas ainda tenho receio de encarar o que vou encontrar pela frente. Tem peças e mais peças ainda no plástico. O vício em compras on-line é algo difícil de explicar, mas vou tentar… Em geral, a gente sente mais prazer em receber a caixa em casa do que com o próprio conteúdo dela… Já perdi as contas de quantas vezes abri a caixa e simplesmente guardei o conteúdo intocado no guarda-roupas. De vez em quando, me irrito comigo mesma por ser assim, e faço doações pra instituições de caridade de um monte de coisas. Graças a Deus, a ficha de que preciso de ajuda finalmente caiu! O “Abril da abstinência” é o meu primeiro desafio nesse processo de melhora e conscientização.
Que legal, Márcia!!! Também estou na torcida por você!!! Sou meio assim também… E estou planejando uma boa arrumação no meu guarda roupas para os próximos finais de semana. 😀
Obrigada de coração pelo apoio também, Maria!!! :*
Márcia, que bom que você está se conscientizando! Fico feliz com seu abril da abstinência! É preciso se policiar mesmo – como disseram, não é o que você compra, mas por que você compra! Na torcida aqui! <3
Nossa, super importante refletir sobre isso hoje em dia. Fiz um post no meu blog sobre esse assunto, e realmente temos que tentar conciliar várias coisas para comprar de forma consciente: o preço que cabe no bolso, a qualidade da roupa, o modo de produção… Eu tento comprar menos e melhor, mas às vezes faltam opções também. Fora que fiscalizar de onde vem e como é produzida peça também é outro desafio!
Dicas ótimas!
http://www.simpleness.com.br
<3
Além das questões – importantíssimas – a respeito de condições análogas à escravidão e cadeias de produção mais ou menos justas, um outro ponto a ser lembrado é o ambiental: a indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo. Por questões financeiras, eu também não consegui ainda tornar-me totalmente adepta da slow fashion, mas cada vez mais tenho procurado comprar somente quando realmente preciso e de quem faz ou procurar alternativas de segunda mão. Acho que estamos em um momento crucial p’r’uma série de assuntos e esse me parece um dos mais pertinentes. Não dá mais p’ra consumir sem refletir, o planeta não comporta essa postura.
Só temos ele pra viver, né! 🙂
Realmente adorei esse post, e como ele é necessário. Já comprei por impulso, sem refletir e como me arrependi tantas vezes.Estamos em um momento de parar e refletir sobre o que a gente realmente precisa para viver e ser feliz. Muitas vezes a gente consome por consumir, levado por estímulos externos cujo único objetivo é servir ao capitalismo.
Exato, Myrian! 🙂
Thai, desculpa a ignorância. Mas o que seria Fast Fashion?
São essas lojas que produzem, traduzindo literalmente, “moda rápida”. Lojas que produzem em grande quantidade roupas que seguem as tendências da moda, geralmente com custo e qualidade mais baixos, como a C&A, Renner, Forever 21, e até a Zara.
Obrigada por responder a Camila, Amanda! É isso mesmo!
Ótimas dicas, eu me perco nessas lojas, vou me lembrar desse post da próxima vez! 😉
Obrigada, Amanda!
Sempre compro na Zara. Gosto dela, mas garimpo muito! Assim como na Forever 21 tb!
Sempre olho cada detalhe da roupa: costuras, botões, zíperes. Dificilmente compro algo mal-acabado. Faço isso até nas lojas de “grife”, pois as pessoas não são perfeitas e podem errar! Quem não pode errar sou eu que estou comprando a peça e vou pagar por isso! Kkkkk
Estou bem atrasada no post hehe, mas eu gosto de comprar em fast fashion. POrém, analiso bem se preciso ou não, além do tecido. Isso sempre! 🙂
Post super interessante! Ainda mais hoje em dia, em que o que a gente mais vê são posts em blogs de moda estimulando o consumo desenfreado, sem reflexão alguma sobre o que se está consumindo. Que bom que vocês não se deixaram levar por essa correnteza!
Quase não comento em blogs, apesar de ler alguns com frequência. Mas gostaria de parabenizar e agradecer a vocês três por se manterem sensatas e por trazer essas reflexões para as suas leitoras. Principalmente porque existe toda uma geração que está crescendo e sendo influenciada pelo que lê na internet, especialmente em blogs..
Posts sobre consumo consciente, sobre viver melhor com menos, sobre aprender a se aceitar e se amar, valorizando sua própria personalidade e seu corpo, sem tentar ser outra pessoa e sem se importar com o que os outros dizem/pensam, apenas com o que te faz feliz. É isso o que eu vejo por aqui, sempre. E é por isso que eu volto!
Posso abusar e pedir um favorzinho? hehehehe..
Não sei se já foi dito em algum post, mas bem que vocês poderiam falar sobre tecidos. Eu sou meio analfabeta com relação a tecidos, nunca sei se é de qualidade ou não, se é puramente sintético, se amarrota fácil, etc.. Fico aguardando!
Beijos!