Acne após os 20…

E o último post personalizado da nossa série especial de aniversário está no ar!

Hoje a presenteada é a Aline, que pediu:

Queria dica de dermatologista para quem tem pele oleosa e com acne depois dos 20.

Pois seu pedido é uma ordem, querida leitora! Para esclarecer tudo, entrevistei a Dra. Patrícia Batista Leite Chiminacio, dermatologista do Hospital Vitória, daqui de Curitiba. Vejam só…

CDD: A acne é vista como um problema da adolescência, mas está cada vez mais comum em mulheres na fase adulta. O que desencadeia essa alteração na pele, mesmo em quem nunca sofreu antes com isso?

R: Inicialmente, é importante esclarecermos que a palavra ‘acne’ é um termo geral para definir uma espécie de obstrução seguida de inflamação que ocorre no folículo piloso (canal do pelo).

Desta forma, dependendo da causa que leve a essa obstrução, podem existir diferentes tipos de acne, sendo que as mais comuns são: acne vulgar, acne hormonal, acne cosmética e acne medicamentosa.

– Acne vulgar: É a mais comum e acomete 80 a 95% dos adolescentes e adultos jovens. Ocorre principalmente por uma tendência genética e pode ser desde muito leve (só com cravinhos) até as formas mais graves, com nódulos e cistos que costumam deixar cicatrizes. Em geral, desaparece antes dos 25 anos, mas sabe-se que 30% das mulheres que têm acne permanecerão com ela durante todo seu período fértil, ou seja, até a menopausa.

– Acne hormonal: Está relacionada a uma disfunção na testosterona, que é o hormônio masculino, mas que toda mulher produz em uma pequena quantidade. Quando a testosterona está sendo produzida em excesso ou quando está agindo com mais ‘força’, a mulher passa a apresentar sinais de virilização, que incluem a acne, ganho de peso, calvície e presença de pelos escuros e grossos no buço, queixo e embaixo do umbigo. A principal causa é a policistose ovariana (ou síndrome do ovário policístico), mas os sintomas também podem estar relacionados a tumores na glândula supra renal.

– Acne cosmética: Ocorre quando o folículo piloso é obstruído por uma substância externa, em geral oleosa. As principais causas são uso de filtro solar oleoso, hidratantes e maquiagens oleosos.

– Acne medicamentosa: Alguns medicamentos podem causar acne. Os principais são os a base de corticosteróides e alguns medicamentos de uso psiquiátrico e neurológico.

CDD: É recomendado tratamento hormonal coadjuvante ao tratamento dermatológico?

R: Se a causa da acne for hormonal, com certeza. Alguns casos de acne vulgar também podem se beneficiar do uso de anticoncepcional, mas isso deve ser avaliado pelo médico.

CDD: Qual é o tratamento ideal para esses casos, em termos de produtos e rotina diária?

R: Na acne vulgar, a inflamação do folículo está relacionada à sua contaminação por uma bactéria chamada P. acnes. Por este motivo, o uso de sabonete anti séptico sempre é válido em todos os casos. Também é fundamental a utilização de filtro solar e maquiagens que sejam livres de óleo (‘oil free’ ou ‘sem gordura’ ou ‘não comedogênico’). Nos casos mais leves, onde só há poucos cravos, também é válido o uso de um sabonete esfoliante 2 vezes por semana. Os casos em que já há inflamação (as espinhas vermelhas ou com pus) devem ser avaliados por um médico, pois, em geral, requerem outros cuidados mais intensivos. Também é fundamental a retirada de toda maquiagem com um demaquilante ou loção de limpeza diariamente.

CDD: Quais produtos devem ser evitados?

R: Deve-se evitar os produtos em cremes ou loções, dando-se preferência aos produtos em gel ou gel-creme ou loção oil free ou solução.

CDD: A acne costuma deixar marcas em função do sol e da retirada de espinhas. Quais tratamentos são indicados para diminuir as manchas?

R: O uso do filtro solar é essencial e ele deve ser reaplicado a cada 3 horas. Há vários tratamentos disponíveis para o remoção das manchas, que variam desde fórmulas com clareadores tipo hidroquinona, até o uso de ácidos, peeling e laser ou luz pulsada. Cada caso deve ser avaliado por um médico.

CDD: Como controlar a oleosidade da pele no dia a dia?

R: A forma mais simples é por meio da lavagem com sabonete e uso de produtos adstringentes. Os casos mais importantes podem requerer a utilização de ácidos ou outros medicamentos, sempre sob supervisão médica.

CDD: Quantas vezes é preciso lavar o rosto por dia?

R: Em geral 2 vezes ao dia é o suficiente. Se necessário, pode-se lavar mais vezes, mas cuidando para não exagerar e deixar a pele muito ressecada, pois um pouco de gordura é necessário para o funcionamento normal da barreira da nossa pele.

CDD: Usar hidratante facial pode piorar o quadro de acne e oleosidade?

R: Não devemos confundir excesso de oleosidade com excesso de hidratação. Mesmo a pele oleosa pode estar desidratada e necessitar de um hidratante. O mais importante é que este hidratante não seja na forma de creme, ou seja, tenha apresentação em gel, gel creme ou loção oil free.

CDD: Quem sofre do problema tem o costume de tentar disfarçá-lo. A maquiagem pode piorar o número de espinhas?

R: Em geral não há problema, desde que seja utilizada uma camada fina, livre de óleo (não comedogênica) e que seja sempre retirada no final do dia. Importante não esquecer de utilizar também um filtro solar. Há vários filtros no mercado com pigmento ‘cor da pele’ e que podem, portanto, substituir a maquiagem.

CDD: Como tratamento e maquiagem podem viver de forma harmônica?

R: A maquiagem, quando utilizada corretamente, pode ser uma grande aliada, tendo em vista que alguns tratamentos podem ocasionar inicialmente uma leve descamação ou leve vermelhidão na pele. Nestes casos, a maquiagem ajuda a corrigir estas imperfeições.

Gente, confesso que até eu aprendi umas coisinhas com essa entrevista… Aline, espero que tenha ajudado! E meninas, pra qualquer coisa que forem fazer, sempre procurem orientação médica, ok?