A month in the merde – parte 2*

Como prometi, ta aí pra vocês a segunda parte da minha viagem, agora em Paris:

Uma curitibana em Paris
É super comum encontrar brasileiros no exterior – em Paris, então, nem se fala. Mesmo assim os estrangeiros (em especial os franceses, já que foi com eles que convivi na maior parte do meu tempo na viagem) ainda acham incrível o fato de eu ser loira E brasileira. Quando contei também que moro numa cidade fria (bom, não nesse momento) e que por aqui não tem nem sinal de carnaval, eles ficaram chocados. Pra provar que sou brasileira mesmo, tive que colocar meus saltos de acrílico e sambar com purpurina (brincadeira).

Grosseria francesa
A fama dos ‘modos’ franceses é grande, mas sempre achei a maior besteira. Não é possível dizer que todos numa cidade com mais de dois milhões de habitantes são grossos – assim como também possível dizer que são todos gentis. Como qualquer cidade grande, Paris é plural – existe gente de todo tipo. Assim como o porteiro do prédio debochou de mim por não conseguir abrir a porta (“você coloca a chave e gira, é assim que funciona”), o segurança do museu se ofereceu pra tirar foto e etc. Sem esquecer de que saber alguma coisinha de francês sempre é melhor do que não saber nada, então é melhor arriscar seu francês capenga mesmo do que falar direto em inglês.

Comida
Nesse aspecto, a fama é totalmente merecida. Não comi nada ruim em Paris e já voltei no avião reclamando do pão horrível. O pão é ótimo, os queijos são ótimos, os doces, então… Eu, como boa formiga vivendo em corpo de humano, comi muito macarron, croissant de chocolate e galette (um tipo de torta folhada muito boa – no Dia de Reis, dia 6 de janeiro, as casas e padarias se enchem da Galette du Rois, que é feita com um bonequinho de presépio dentro. Quem encontra, usa a coroa de reis). Se por acaso você estiver por lá, esqueça a Coca-cola e encarne o francês: nas casas, é muito mais comum tomar só água e vinho branco do que refrigerante. Ah, o clichê parisiense do francês andando na rua com uma baguete na mão é verdadeiro (e se aplica a mim também, mesmo eu não sendo francesa).

Família francesa
Eu fiquei hospedada em casa de família. No meu caso, minha família era composta apenas por uma senhora viúva – ela tem quatro filhos casados e vários netos, que sempre iam visitá-la. Logo, tive bastante contato com vários membros da família, netos, filhos, primos e etc. Isso é legal porque você vê de perto como é o funcionamento de uma família comum em Paris, longe do eixo turístico Torre Eiffel-Champs Elysées. É legal pra ver que sim, eles se cumprimentam com dois beijos no rosto, inclusive os homens. E que você deve acordar uns 15 minutos antes do que planejava porque eles tomam chá em potes enormes, invés de usar xícaras – a demora pra tomar tudo e conversar me rendeu um atraso no primeiro dia de aula.  Fora que fiquei no 14º andar de um prédio na margem esquerda do Sena, com vista direta pra Torre Eiffel (a foto da plaquinha lá em cima era meu endereço, no 16º arrondissement, um dos mais nobres de Paris)…

Se misturando
É fácil fazer um francês rir – é só fazer qualquer tipo de piada com os belgas. Sim, os belgas estão para os franceses assim como os portugueses estão para os brasileiros. Então pegue todo o seu arsenal de piadas sobre português e faça igual, só trocando a nacionalidade. E se você falar mal dos inglêses, também tem grandes chances de conquistar a simpatia francesa. Pra puxar papo, pergunte onde alguma celebridade francesa (tipo Serge Gainsbourg) está enterrada, a maioria deles sabe de cor onde os famosos estão, geralmente num dos três maiores cemitérios de Paris – Montmartre, Montparnasse e Père Lachaise.

Trens, metrô e etc.
Eu fui de Amsterdã até Paris de trem – uma viagem que normalmente leva quatro horas, mas eu fiz em OITO. Sim, oito. Porque os trens diretos estavam lotados, então tive que pegar quatro trens. O problema é que a maioria das estações é feita pra quem sabe pra onde está indo, enquanto eu não sabia nem pra que plataforma ir. Mas enfim, superei o desespero e consegui fazer as conexões certas. Já o metrô é super fácil e funciona muito bem (quando não tem greve) – tendo um mapa das estações, consegui me locomover muito bem e só me perdi na primeira vez (em Curitiba me perco até hoje).

Detalhes técnicos
Pra quem pediu informações sobre o meu curso, tá aí: quem fez toda a burocracia (matrícula na escola, alojamento e etc) pra mim foi a CI – Central de Intercâmbio. Foram super atenciosos e não tive problema algum. A escola onde eu estudei foi a France Langue, sobre a qual também não tenho a menor reclamação – os professores foram ótimos e a estrutura da escola é bem legal, recomendo.

É isso, acho que falei um pouco sobre tudo… 🙂